Frustração – Bem ou Mal?
Atribuo ao texto o título “Frustração – bem ou mal?” pois de fato se frustrar traz sentimentos de tristeza (mal) e em contrapartida é essencial para a constituição psicológica do indivíduo (bem).
Mas afinal, o que é frustração? Frustração é um mal necessário?
Frustração em um sentimento de desgosto é um estado emocional negativo que advém da não satisfação e privação de algo. As fontes da frustração podem ser externas ou internas. As externas podem ser provocadas pela falta de dinheiro, por exemplo, já as internas são provocadas por dificuldades emocionais, como a insegurança que impedem o indivíduo de atingir o seu desejo.
Ao pensar na definição de frustração temos a impressão que é um sentimento negativo e que não provoca nenhum tipo de beneficio ao ser humano e a sua maturidade emocional. Entretanto, este sentimento que traz desgosto, tristeza, desconforto, geralmente desenvolve a capacidade de paciência, tolerância e resiliência. É preciso aprender a gerir a frustração e superá-la. É preciso que o indivíduo tome cuidado para que o estado de desânimo após uma frustração não perdure. Este estado pode estar vinculado a uma depressão.
Gerir a frustração é aprender com aquela situação e buscar energia psíquica para superar aquele problema. A frustração faz o indivíduo sair da sua zona de conforto. Quando algo dá errado e não ocorre como o planejado, o sujeito, mesmo que frustrado, precisa reagir e buscar alternativas para realizar o seu desejo.
A tolerância à frustração se desenvolve desde a infância. Os filhos podem ficar sem ganhar o presente desejado, podem ficar sem uma festa de aniversário com personagens e podem perder na competição da escola. Permitir que os filhos se frustrem é ajudar no seu desenvolvimento, é ensinar a valorizar e respeitar o seu limite e do outro. O “ter tudo” envolve um bem estar superficial e não um amadurecimento emocional. Certa vez, assisti à uma reportagem do psicoterapeuta Leo Fraiman, que dizia que quando não se permite que os filhos cresçam e se frustrem é como se os pais estivessem aleijando o seu filho, ou seja, os filhos precisam destes desafios, precisam de autonomia, precisam lidar e solucionar os seus problemas para que obtenham um amadurecimento psíquico e emocional.
Logo, se frustrar como questionado acima é um mal necessário. Nos tempos atuais a intolerância à frustração está mais evidente e temos um crescimento no número de crianças, adolescentes e adultos que não suportam gerir a idéia de algo que não aconteça como eles querem. A vida não nos remete apenas ao sucesso, a felicidade, ao ganhar tudo. Fracassar também faz parte da história e as cortinas da vida abrem para o bom e para o ruim. Estar fortalecido para enfrentar o ruim é o que vai proporcionar segurança e otimismo para a vida.
Autora: Sandra Gehring – Psicóloga – CRP 06/102117